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Temos opinião própria ou não?

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Por Carlos Ferreira, Diretor de Relacionamento da Nasajon Sistemas

A gente sempre se orgulha de dizer que tem opinião própria, não é? Quanto mais crescemos e/ou amadurecemos, mais nos sentimos capazes de formular opiniões a partir de um fato ou informação recebida. Mas será que as opiniões que emitimos são realmente somente as nossas? Quem influencia as nossas opiniões? De onde tiramos as conclusões que emitimos? Tem gente até que diz que não se deixa influenciar, mas será mesmo isso possível?

Estudiosos afirmam que a formação de opinião é proveniente de vivências anteriores e atuais e que é fruto do que vivemos, ouvimos e lemos. E as pessoas envolvidas neste processo são fundamentais. Com quem a gente vive? De quem a gente ouve e lê coisas e opiniões?

E aí é que entra em cena um forte elemento na formação de opinião dos tempos atuais – as mídias sociais. Elas estão recheadas de opiniões fortes, quase concretas. São muitas certezas, muita veemência, pouca dúvida e pouca preocupação sobre se aquilo pode desagradar a terceiros. Mas o que torna a rede social mais nociva é que, de um modo geral, nós lemos apenas as coisas que são escritas e compartilhadas pelas pessoas que fazem parte da nossa rede e que, em teoria, pensam como nós. Pessoas ricas tendem a ouvir opiniões de ricos, pobres tendem a ouvir opiniões de pobres, religiosos tendem a ouvir opiniões de religiosos. E assim vai… É claro que isso não é uma certeza, mas é o que estudos comprovam – a tendência é dialogarmos diariamente com nossos pares.

E aí é que mora o perigo: ao ouvir somente a opinião dos nossos pares, tendemos a formar as nossas opiniões com a certeza de que aquilo que ouvimos é a verdade geral, é a verdade óbvia. E quando alguém ousa emitir uma opinião contrária àquilo, reagimos mal, como se aquela pessoa fosse um ET. O própria empresa Facebook declarou recentemente que as mídias sociais podem não ser democráticas.

É claro que se temos mais oportunidades para estudar, em diferentes níveis e em diferentes locais, mais diversificada tende a ser a nossa base de conhecimento para emitir opiniões. Se temos oportunidade de nos relacionar com pessoas que vivem realidades específicas (pobreza ou riqueza, empregador ou empregado, cidade ou campo, norte ou sul etc), mais chances temos de falar sobre cada um desses mundos. E se tivermos a oportunidade de nos relacionar com os dois mundos, mais conteúdo teremos para emitir opiniões de comparação entre eles.

Mas aí entra em cena um outro grande problema que acontece nas redes sociais: a emissão de opinião contrária a que o seu grupo pensa. Quantos de nós têm coragem de defender opiniões que são contrárias ao grupo do qual participamos? Quantos têm disposição para encarar a briga e arriscar perder o amigo? Na maioria dos casos, esses se calam e, então, as pessoas do grupo vão ouvir apenas a opinião das pessoas que pensam iguais e vão dar a essa informação uma percepção de que ela é uma opinião de maioria, é a coisa óbvia.

Toda esta questão pode afetar a sua decisão na escolha de um candidato político, na escolha de um restaurante, de uma escola, de carreira e também na sua relação com seus colegas de trabalho, com a sua empresa ou com o seu chefe. Então, cuidado, as suas opiniões podem mudar a sua vida – essa afirmação é antiga e já feita por muitos escritores, pensadores e técnicos.

Mas, se é assim, então precisamos ter certeza de que estamos formando boas opiniões. Não as opiniões certas ou as erradas, mas as boas opiniões. E o que é ter uma boa opinião? É saber que você estudou o assunto por vários pontos de vista antes de verbalizá-la e dividi-la com outras pessoas.

Boa sorte!

 


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