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Agosto Lilás: o papel das empresas na defesa da mulher

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Neste mês, a Lei Maria da Penha (2006) completa 16 anos de existência e a campanha Agosto Lilás faz um convite à reflexão e à conscientização pelo fim da violência contra a mulher. 

No Brasil, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de agressão durante a pandemia, seja ela verbal, sexual ou física. Ao todo, são 17 milhões de mulheres agredidas entre junho de 2020 e maio de 2021, ou 24,4% do total.

Nesse cenário, é cada vez mais comum depararmos com o tema “Agosto Lilás” em postagens nas redes sociais, campanhas em empresas, reportagens com especialistas sobre o assunto, além dos tradicionais símbolos na cor lilás, como laços, broches e blusas. 

Mas você sabe a história e importância da ação “Agosto Lilás”? É esse o objetivo deste artigo, explicar a importância da campanha e o papel das empresas na defesa da mulher.

Intuito da campanha Agosto Lilás

O mês foi escolhido de acordo com o aniversário da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que, em 07 de agosto de 2022, fará 16 anos. Ao longo de agosto, ações e mobilizações são realizadas a fim de alertar a sociedade, incentivar um esforço nacional e divulgar serviços de apoio e atendimento às mulheres em situação de violência.

Agosto Lilás apoia as discussões sobre os direitos das mulheres e a igualdade de gênero, ao mesmo tempo que descreve os diversos tipos de violência doméstica. 

O objetivo é aumentar a compreensão das atuais restrições legais e promover a assistência às vítimas, não somente conscientizando a população, mas também incentivando a denúncia de todas as formas de violência contra a mulher.

Qual o papel das empresas no combate à violência contra a mulher?

Sabe-se que a violência pode ocorrer em qualquer ambiente, porém, o seu impacto se estende a todos os aspectos da vida da vítima, incluindo a sua vida profissional.

Durante a pandemia, os casos de violência doméstica aumentaram drasticamente, pois a mulher, em isolamento social, permanecia por 24 horas na companhia de seu agressor. O distanciamento social, a dificuldade de acessar os serviços de proteção social e a intensificação da convivência em família agravaram a situação de violência doméstica. 

As violências praticadas contra as vítimas possuem consequências devastadoras, em especial, as consequências psicológicas. As vítimas possuem maiores índices de estresse, dificuldades para dormir, dificuldades em fazer novos vínculos e manter os vínculos anteriores e também apresentam maior probabilidade de doenças mentais, como por exemplo, depressão e ansiedade.

Muitas empresas após a pandemia adotaram de forma definitiva o modelo de trabalho home office. São essas empresas que necessitam ter uma atenção maior às suas colaboradoras e aos pequenos sinais que elas possam dar.

É possível a análise de um padrão, antes mesmo da vítima solicitar ajuda, como:

  • Dificuldade de pontualidade, apresentando muitos atrasos ou solicitando muitas ausências por necessidades médicas;
  • Lesões físicas visíveis;
  • Desempenho reduzido ou dificuldade de concentração;
  • Dificuldade em se comunicar.

Os líderes, o RH e os colegas são essenciais para perceber a violência doméstica e estão em uma posição única para oferecer apoio. 

Como as empresas podem abordar o tema e auxiliar as vítimas?

Para tratar sobre o assunto, pode ser utilizado diversos meios de comunicação e estratégias em conjunto, escolhendo as mais eficazes de acordo com a cultura da empresa.

É possível realizar palestras e workshops presenciais ou online de sensibilização para todos os colaboradores, porém, voltadas para públicos específicos como mulheres, líderes, homens etc.

Também podem ser produzidos cartilhas informativas, banners em locais de grande circulação ou até mesmo vídeos informativos nas plataformas de trabalho.

Além de possuir uma política de “portas abertas”, sendo fator crucial para que os funcionários compartilhem suas preocupações proativamente com os seus líderes.

Outras ações podem ser realizadas, como:

  • Adicionar uma política de “violência no local de trabalho” no Manual do Funcionário sobre como os funcionários devem relatar preocupações de segurança;
  • Certificar-se de que toda a liderança seja bem treinada nos conceitos de não discriminação e não retaliação;
  • Manter os colaboradores informados sobre quais recursos eles podem recorrer em caso de violência, como número para denúncias e ONGs a favor da causa;
  • Oferecer apoio psicológico.

ONGs contra a violência da mulher

No Brasil, existem diversas ONGs que prestam apoio e assistência a mulheres em situação de violência. 

Sendo assim, as ONGs promovem ações pedagógicas, com um amplo conhecimento dos direitos das mulheres e medidas de proteção, e  o acolhimento às vítimas, dando todo apoio que elas precisam.

Pensando nisso, separamos 5 organizações para você conhecer. 

Associação Fala Mulheres

É uma associação sem fins lucrativos, localizada em São Paulo, que atua com atendimento a mulheres que foram vítimas de violência doméstica, oferecendo apoio e suporte na parte jurídica, psicológica, pedagógica e social. 

A associação facilita todo o acesso à Lei Maria da Penha, fornecendo abrigos sigilosos e proteção tanto para as vítimas quanto para os seus filhos.

Associação Fênix

A associação Fênix é referência no Brasil no combate a violência doméstica e sexual. 

Seu trabalho é desenvolvido por meio do atendimento social e psicológico, usando também oficinas que abordam temas relacionados à saúde, meio ambiente, educação e cultura. 

Além do mais, oferecem ajuda psicológica individual e familiar, assistência social, visitas domiciliares e assistência jurídica.  

ONG Sobre Viver

A ONG atua desde 2017 com projetos, ajudando a combater a violência, atuando especificamente no meio corporativo. 

Por meio da associação, desenvolvem programas para orientar, conscientizar e acolher todas as vítimas de abuso e violência entre os funcionários e tomar as devidas providências. 

Instituto Maria da Penha 

O intuito dessa organização vai além do combate da violência contra a mulher, é promover e apoiar ações sociais que elevam a qualidade de vida, emocional, física e até mesmo intelectual das mulheres.

Além disso, contribui para as diferenças e ações que banalizam a questão de falta de equidade feminina, que é o principal pilar para ainda existir a violência contra as mulheres.  

ONG AMAC – Associação de Mulheres de Atitude e Comprometimento Social

Localizada no estado do Rio de Janeiro, tem como objetivo contribuir para que todas as mulheres possam romper o ciclo de violência dentro da sociedade e também promover o acolhimento, informação, o direito das mulheres e a inclusão social.

Além disso, o trabalho é executado em projetos como “Roda de Conversa”, onde é possível falar sobre a violência contra as mulheres e o “AMAC do amanhã” feito nas escolas com a juventude. 

Como denunciar a violência contra a mulher?

Mesmo com tantos avanços obtidos na defesa dos direitos pelas mulheres, a violência contra a mulher ainda é um grande problema em toda a sociedade. 

A Central de Atendimento à Mulher é um serviço para combater à violência feminina que oferece ajuda e apoio desde o registro de denúncias e a informações sobre as leis.

Compartilhe essas informações e denuncie no número 180.

Não se cale. 

Por Ana Vargas, Beatriz Evangelista, Julia Cavalcante e Lucas Falero.


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