A Black Friday é uma das datas de consumo mais esperadas por marcas e consumidores no mundo todo. Este ano, vender na Black Friday será um grande desafio para todos que trabalham com vendas, seja presencialmente ou em e-commerce: estamos vivendo um momento atípico devido a pandemia do Coronavírus. A economia desacelerou e muitas empresas foram afetadas. O momento é de retomada, ainda que em passos curtos.
A boa notícia é que 6 em cada 10 consumidores brasileiros estão esperando a data para comprar um produto que pretende adquirir nos próximos 6 meses. O dado é da pesquisa feita pela área de Pesquisa e Insights do Google. Mas que produtos, exatamente, são esses? Qual é a intenção de compra dos brasileiros com a pandemia? Qual é o melhor canal para vender produtos e serviços?
Se você é empresário, empreendedor ou consultor de vendas, é preciso estar antenado sobre o que esperar da Black Friday em 2020. No artigo, você confere os detalhes da pesquisa para descobrir como fazer a sua estratégia de vendas e como destacar a sua marca na data.
Black Friday x Comportamento do consumidor na pandemia
Ao pensar em vendas é preciso pensar nos consumidores, em pessoas. Estamos vivendo um momento de transição e incertezas causadas tanto pelo âmbito político quanto pela pandemia de Coronavírus. Samuel Moreschi, Gerente de Pesquisa e Insights do Google, diz que desde o início da pandemia o seu time vem estudando o comportamento do brasileiro.
“No início da crise, em fevereiro, os brasileiros viviam um período de mais ansiedade por não saberem o que viria e de que forma a crise mundial chegaria no Brasil. Com o tempo, entre abril e maio, os brasileiros começaram um ajuste em relação ao período vivido e a partir de junho as pessoas começaram um processo de ponderação em relação às suas escolhas a partir das informações recebidas. Desde então vivemos uma fase de adaptação”, diz Samuel Moreschi.
Segundo a pesquisa, o que pode-se afirmar é que o brasileiro, de fato, começou a ficar mais ponderado em relação às suas escolhas antes de tomar qualquer decisão. Mas, para a Black Friday, as expectativas de vendas, principalmente no online, são positivas.
Os papéis do consumo na pandemia
O consumo é parte de toda sociedade e possui grande importância na construção social. Na pandemia essas lógicas de consumo foram alteradas criando diferentes momentos. Conheça abaixo os 3 momentos descritos pela área de Pesquisa e Insights do Google.
Segurança: Em um momento inicial, com o fechamento do comércio e alta restrição de circulação, as pessoas priorizaram a sua segurança o que refletiu no consumo.
Compensação: A relativização começa a acontecer e as pessoas percebem uma necessidade do consumo para seguirem vivendo os dias difíceis.
Alívio: Começa a existir um sentimento de retomada, de que as coisas caminham para voltar como eram antes, e o consumo acompanha esse movimento.
A intenção de compra do consumidor nesta Black Friday
A pesquisa feita com os brasileiros pelo Google em parceria com a Provokers entrevistou 1500 pessoas, entre homens e mulheres de 18 a 54 anos de todo o Brasil, das classes A, B e C. Confira alguns pontos importantes destacados pela pesquisa:
- 6 em cada 10 famílias brasileiras tiveram diminuição de renda. Ou seja, as intenções de compra nesta data comercial diminuíram de 62% para 54% de 2019 para este ano.
- 50% dos entrevistados sentem que as prioridades mudaram e querem viver com menos.
- Quem “com certeza comprará algo na Black Friday”: caiu de 25% para 18% em relação à 2019.
- Quem “Não tem certeza se comprará ou não”: aumentou de 27% para 32%, o que comprova a ponderação do brasileiro citada acima.
Apesar disso, um insight interessante é que o brasileiro está mais aberto a experimentar. Dos que pretendem comprar na Black Friday, 52% disseram que pretendem comprar em lojas que nunca haviam comprado antes. Ou seja, o momento também é de recrutar novos consumidores para a sua marca.
2020 é um ano de novos comportamentos e interesses em compras
O comportamento do consumidor mudou. O fato de estar em casa grande parte do tempo alterou seus interesses e prioridades. O que tem de novo nas buscas desse cenário de pandemia? Quais produtos terão mais relevância? A pesquisa mostra o top 3 de categorias. Confira:
Móveis e decoração: o pico de buscas dessas categorias aconteceu na Black Friday do ano passado, e esse pico foi ultrapassado durante a pandemia. “A gente alcançou um patamar muito elevado a partir de março. Esse patamar alavancou números maiores e continua, nos últimos meses, num patamar alto”.
TV e Vídeo, Telefonia e Eletrodomésticos: o maior pico foi na Black Friday do ano passado. Em março deste ano, essas categorias também tiveram um aumento incrível nas buscas, porém, ainda não ultrapassou o último marco. “É um ponto de atenção para observar o potencial que essas categorias têm”, diz Samuel Moreschi.
Alimentos e Bebidas: essas categorias não tinham muita relevância na data da Black Friday. Com a pandemia, elas ganharam força. “Gera-se uma expectativa sobre o potencial que essas categorias têm com a chegada dessa Black Friday”, afirma o especialista.
Dentro dessas três categorias, estão os produtos mais desejados pelos consumidores. No ranking das categorias por intenção de compra estão, em primeiro lugar, os Celulares, com 38%, seguidos de Eletrodomésticos, com 30%. Já o terceiro lugar fica com a Informática, com 28% de intenção de compra.
Cai a intenção de compra para turismo, serviços financeiros e planos de celular
Quem trabalha com marcas dentro das categorias de passagens aéreas, serviços financeiros e planos de celular deve ficar atento: segundo a pesquisa, essas três categorias perderam a importância de 2019 para este ano, justamente por conta da pandemia. “Fica o alerta para quem é dessas indústrias. Sabendo disso, pense em como pode trabalhar para conseguir alcançar os consumidores e reverter essa lógica dos consumidores para esse momento”, alerta Samuel Moreschi.
Canais online de compra seguem ganhando importância
A notícia já era esperada: os canais online de compra seguem ganhando importância. O e-commerce cresceu de 33% para 40% de 2019 para 2020. As categorias fortemente associadas a online são: serviços, passagens, pacotes de internet, serviços financeiros e games.
“Já quando a gente olha as categorias exclusivamente físicas, as de destaque são alimentos, bebidas, veículos e moda. Mas são categorias que estão presentes nos dois canais, elas transitam no físico e no online. É importante você entender onde o seu negócio está e para onde ele pode ir. E pensar o que você pode fazer, de agora para frente, para melhor entregar dentro das expectativas dos consumidores”.
Ainda falando do digital, outro insight importante é a pesquisa feita pelo consumidor. Independentemente do canal de compra, a busca pelos melhores preços e serviços acontece online: 82% das pessoas devem pesquisar online antes de comprar. Por isso, a sua estratégia na Internet precisa ser ativa e poderosa.
Aplicativos de celular são importantes locais de pesquisa e melhoram as vendas
Aplicativos de celular também vêm ganhando cada vez mais espaço: 8 em cada 10 pessoas usam apps como fonte de pesquisa e 70% já têm instalados no celular os aplicativos de lojas, sites e empresas que pretendem comprar na Black Friday.
A presença dos apps no mundo das vendas vai além da busca por melhores produtos, e quem também trabalha com vendas externas consegue ter neles grandes aliados. Há aplicativos que controlam o estoque dos produtos à distância, informam à empresa sobre as vendas realizadas e gerencia a movimentação dos vendedores entre as visitas de um cliente a outro.
Por Beatriz Doblas e Isabela Lima.